Avatar 1

Avatar palavra que descende do Sânscrito: Avatara significa “Aquele que descende de Deus, ou simplesmente encarnação”. Ou “qualquer espírito que ocupe um corpo, representando assim uma manifestação de uma Divindade”.

Certo dia, fazendo uma apresentação de pesquisa, uma amiga – cliente e parceira – fez a comparação do pesquisador com um Avatar. Achei muito sensato. Embora difícil, é obrigação do pesquisador de mercado transmitir o que seus pesquisados pensaram, independente de sua própria opinião.

Assim, neste e nos próximos escritos que se seguem vou descrever como Avatar, algumas opiniões emanadas das “Divindades” ‘Shoppers ou Compradores’.

Pesquisa de Tendências

A pesquisa com shoppers ou os clientes das lojas não são capazes de definir tendências. Como teria dito Henri Ford “Se eu tivesse perguntado aos meus clientes o que eles queriam, certamente teriam dito: um cavalo mais rápido”.

Entretanto, a procura de elementos tendenciais e o teste de sua aderência cultural têm sido muito útil na definição de conceitos de loja, de comunicação in store ou processos de venda.

Os elementos inovadores de loja que testei e que vou descrever aqui são em grande parte criações, ou seja, aspectos novos derivados de visão dos seus criadores. Outros carregam necessidades sociais presentes no inconsciente das pessoas. Ou ainda, são elementos criados à luz de necessidades de mercado.

Considerei algumas inovações vistas em lojas fora do país e algumas aqui, e delas extraí o que poderia ser tendencial. Foram elementos que estavam em lojas reformadas de grandes marcas e que tinham conceitos em comuns.

Para entender como estas linhas poderiam ser tendências transmissíveis para o Brasil, isto é se poderiam tornar-se desejadas, as testei em grupos de discussão através de estímulos conceituais e visuais. Os grupos foram com trend setters, homens e mulheres de classe A, com curso superior e mais, viajantes frequentes, com profissões que demandam informação de mercado.

As inovações testadas estavam nas três linhas, a criativa, a sociológica e a de mercado.

Na área criativa testei conceitos de lojas cenográficas que criam a impressão de show e festa; no âmbito sociológico lojas que usam materiais naturais e reciclados. No âmbito de mercado, tecnologia para melhoria de processos e de comunicação. Do aspecto tecnológico falarei mais em outro momento.

Dentro do aspecto criativo, o uso do metal transmite modernidade; o vidro e o cristal são vistos pelos shoppers como brilho e glamour; as cores preta, verde, cru, ouro escuro são entendidas como modernas e chiques.

O uso da madeira no piso, madeira de demolição nas prateleiras e móveis, plantas em toda dimensão da loja, materiais reciclados, são entendidos como politicamente correto. São elementos de resgate do natural, de preservação ambiental e de humanização da loja. As obras de arte com materiais reciclados também são considerados a frente do tempo, tirando do varejo o tom meramente mercantil e sugerindo inteligência, cultura e beleza.

Os móveis e os lustres moderníssimos e os retrôs adaptados que convivem juntos nas lojas, causam grande impacto emocional, pois fazem as pessoas lembrarem-se das próprias vidas, modernas e satisfatórias, mas que carregam a nostalgia de tempos felizes das casas dos seus avós.

A tecnologia e a informação presentes em painéis dinâmicos com efeito cinematográfico contam a história das empresas, falam de produtos e mostram preços. Estes elementos são modernos, tiram a loja do lugar comum, além de parecerem ecologicamente corretos, pois eliminam papéis dos cartazes e sinalização de preços.

Os elementos de inovação foram completamente positivos nos grupos teste. Tendem a expandir-se, pois mostram total aderência a necessidades manifestas pelos shoppers, em que pese diferenças culturais, de classe e de estágio de varejo.

 

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